
Em 3 de dezembro de 1864, nascia no coração da Bahia, em um Brasil ainda marcado pela escravidão, Francisco Dias Coelho, um homem cuja trajetória pessoal e profissional o transformou em uma figura histórica singular. Neto de escravizados por parte de pai e mãe, ele cresceu em um contexto desafiador, mas deixou um legado que ecoa até os dias de hoje.
Dias Coelho perdeu sua mãe aos sete anos de idade, momento que marcou uma grande reviravolta em sua vida. Ele e sua irmã foram acolhidos por padrinhos e pais adotivos, que, reconhecendo seu potencial, garantiram sua educação, algo raro para a maioria dos descendentes de escravizados da época. Essa base foi crucial para sua ascensão social e contribuiu para que ele pavimentasse um caminho de realizações notáveis.
Ainda jovem, trabalhou em um boticário e, posteriormente, no tabelionato, ambos cargos conquistados graças à influência de seu padrinho. Com dedicação e inteligência, foi galgando posições até se tornar uma figura influente na sociedade local. Com o tempo, conseguiu enriquecer por meio da venda de carbonato e diamantes, o que o possibilitou adquirir a patente de coronel na Guarda Nacional, um feito impressionante para um homem negro no Brasil do século XIX.
Intendente e Educador Visionário
Entre 1910 e 1919, Francisco Dias Coelho exerceu o cargo de intendente em Morro do Chapéu, um período em que dedicou esforços para revolucionar a educação no município. Sua visão ia além da educação elitista da época: ele acreditava na democratização do ensino, possibilitando que crianças do interior também tivessem acesso ao aprendizado. Essa perspectiva fez dele um pioneiro em um movimento de inclusão que atravessou gerações.
Antes mesmo de se tornar Intendente Municipal, em 1902, fundou um grêmio literário, equipado com biblioteca e aulas de música, entre 1910 e 1919 no curso de seu mandato, transformou a Biblioteca em Pública Municipal. Essa iniciativa não apenas incentivou a leitura e a cultura, mas também promoveu a integração comunitária e o desenvolvimento intelectual de jovens e adultos da região.
Legado e Reconhecimento
O Coronel Francisco Dias Coelho faleceu em 1919, deixando um legado de transformação social, educacional e cultural em Morro do Chapéu. Sua história é uma prova de como a educação, aliada à perseverança e ao trabalho duro, pode mudar vidas e impactar comunidades inteiras.

Hoje, ao celebrarmos os 160 anos de seu nascimento, lembramos com gratidão e respeito o primeiro coronel negro da Bahia, um homem que superou os desafios de sua época para abrir caminhos de oportunidade e justiça para tantos outros. Sua memória permanece viva como inspiração para todos que acreditam em um futuro melhor, construído com base na educação e na igualdade.

Meu avô Estanislau Dias Coelho, sempre me contava as histórias do seu avô Coronel Dias Coelho, e sua luta frente aos preconceitos da época e como ele superou e e foi reconhecido na sociedade. Meu avô falava que ele ia a jacobina de carroça, uma charrete na verdade e muito bonita. Sempre bem vestido , ele participava dos grandes eventos da região e da capital. Que em um certo evento , ele mandou comprar um vestido belíssimo na capital baiana , e convidou uma linda mulher para que lhe acompanhasse neste evento. Meu avô contava que ela foi a dama mais bonita do evento e que o coronel era muito respeitado tanto por sua patente como por seu poder financeiro, pois era um dos homens mais ricos de toda a Bahia. Hoje alguns familiares ( tios, irmãos ) do meu avô ainda vivem em Morro do chapéu.