A FlirContas e a 3ª Edição do Forte Cultura Chapada Diamantina – Emergência Cultural fortalecem identidade, território e memória em Rio de Contas

Rio de Contas viveu um sábado histórico. O município recebeu simultaneamente a 3ª Edição do Forte Cultura – Emergência Cultural dentro da programação da FlirContas, o Festival Literário de Rio de Contas, realizado de 27 a 29 de novembro, reunindo artistas, escritores, mestres da cultura, lideranças tradicionais e comunidades de toda a Chapada.

Depois das etapas em Itaitê (07/11) e Bocaina, em Piatã (14/11), o projeto chegou à sua terceira edição com programação integrada à FlirContas, reforçando debates sobre clima, território, identidade cultural, memória e políticas públicas. A Câmara Técnica de Cultura da Chapada Diamantina aproveitou o encontro para alinhar diretrizes e planejar as próximas ações do ciclo.

Protagonismo local no centro do debate

Monica Andrade … Pegar a estrada para Rio de Contas foi voltar a andar por lugares que recentemente havia passado, indo para Piatã/Bocaina, e novamente me deixar inundar pela imensidão. voltei a me lembrar da mineradora no topo da Serra, a rugir e a ameaçar, e, mais uma vez, ao subir e descer serras, compreender os motivos para a incursão nos terrenos de luta, considerada po muitos, “insana”, “impossível”. A chegada, em meio à Flircontas, foi como encanteria de quem vê a história ser contada, derramada pelos olhos de quem tece esperança, através do grito atrevido das artes e das letras: Apesar de você, devorador do tempo, das serras, dos símbolos, dos modos de bem-vive, nós existimos e resistimos! Nossa arma é a arte-literatura, o conhecimento, a ancestralidade sempre viva nas ruas da cidade e na memória do povo”.

Rio de Contas foi palco de dança, de ritmo, de esperança, e de Encontro entre os pontos e pontões de cultura do Macro Território Centro Sul. A festa foi tanta que deixou em todos o gostinho de querer ver mais, falar mais, unir mundos. A junção dos pontos de cultura, nos deram ideia de rede, e das potencialidades em aberto, processos de comunicação e estratégias que precisam ser estabelecidas para que as ações em casa município/ comunidade se fortaleçam.

O artista Ioia Brandão e no RTC – Representante Territorial de Cultura da SECULT – BA destacou a importância de valorizar quem produz cultura dentro da própria Chapada:

“A Chapada tem um potencial incrível, mas nem sempre é valorizada. Muitas vezes somos só cenário de grandes eventos. A 3ª Edição do Forte Cultura vem justamente para garantir o protagonismo local e discutir emergência climática, cultura e território.”

Comunidades ameaçadas e construção de rede

Pedro Jatobá, da Universidade Livre da Chapada de Diamantina e da Produtora Colaborativa da Chapada, reforçou o papel do evento:

“Esse projeto ajuda a mostrar toda a riqueza cultural da Chapada num momento em que comunidades estão ameaçadas por grandes organizações que querem explorar o território. A plataforma Rede Cultura Viva vai permitir que essas comunidades divulguem seus mestres, seu turismo de base comunitária e sua produção cultural.”

Plataforma Rede Cultura Viva Chapada Diamantina:
rede: https://cultura.chapada.ba

Saberes tradicionais e memória da Chapada

O cacique Juvenal Payayá destacou o impacto da ação:

“Estamos caminhando pela Chapada ouvindo histórias, rezas, contos e reminiscências. Isso é maravilhoso. Eu vim com meus livros para trazer algo da Chapada, mas também para aprender e ampliar esse legado. O Projeto Emergência cultural nos incentiva a buscar ainda mais cultura para a Chapada.”

A força política e simbólica da cultura

A presidenta da Funarte, Maria Marighella, trouxe uma visão profunda sobre a relação entre cultura e território:

“Cultura nasce da experiência do território. Ela cria laços de solidariedade, produz riqueza e fortalece a comunidade. É pela cultura que povos e territórios historicamente violentados conseguiram se afirmar. Celebramos políticas culturais que defendam a terra, os territórios, a justiça e a liberdade.”

Para Laís Abreu – Coordenadora de Articulação e Transversalidade da SUDECULT – SECULT BA – Este grande Encontro da Cultura Viva traz consigo a pujança da Política Territorial que estamos construindo no estado da Bahia, onde identidades e diversidade culturais dialogam, interagem e expressam a riqueza cultural baiana, fortalecendo as redes nos Territórios.

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Andréa Mostaço…”Para mim participar da 3ª edição do Forte Cultura significou assistir à edificação dos alicerces que tornam possível efetivar a territorialização da cultura, de verdade, como política de Estado, não de governo.Afinal, como já aprendido na fábula, se a casa não é sólida, qualquer vento contrário é capaz de derrubá-la.

Para o povo que faz cultura, que está no meio de povoados rurais assombrados e ameaçados pelas promessas do suposto“desenvolvimento” trazido pela mineração, pelas chamadas “energias renováveis”, pelos quase onipresentes pivôs de irrigação do agronegócio ou pelo turismo de massa, o que significa “exercício dos direitos culturais” quando a própria democracia ainda é uma miragem?

Ainda que pequeno em escala diante de um território imenso como a Chapada Diamantina, tenho certeza absoluta, porque vivi, de que o 3º Forte Cultura – Emergência Cultural foi um divisor de águas no que se refere à territorialização da cultura e na luta pela vida dos territórios, sem os quais não há qualquer possibilidade de cultura.

Não por acaso, foi justamente o que o 3º Forte Cultura trouxe. Com muito empenho, dedicação e compromisso dos idealizadores e realizadores, seguiu a máxima do mestre Eduardo Galeano, “a primeira condição para mudar a realidade consiste em conhecê-la”.

Por isso, por tudo isso, Viva o Forte Cultura! Viva a Política Nacional Cultura Viva! Viva os que vieram antes de nós e que se fazem presentes na cultura que vem debaixo do barro do chão! Viva o Forte Cultura!

Para Vanusia Santos da Coordenação de Articulação do Projeto 3ª Edição do ForTe Cultura – Emergência Cultural, este vem cumprindo um papel importante no fortalecimento da Câmara Técnica de Cultura do CODETER – É pela via da cultura que nos fazemos presentes, ativos e resilientes no exercício pleno da cidadania cultural!

O Coordenador do Projeto 3ª Edição do Forte Cultura – Emergência Cultural, Emílio Tapioca enfatiza que ” A Integração com a FlirContas e o 1º Encontro do Pontos de Cultura do Território Centro Sul – Projeto Tecendo Redes – reafirma a frase de Célio Turino de que “Os Pontos de Cultura e os movimentos culturais se encontram para construir a “Cultura Viva” por meio de uma rede colaborativa e interconectada” se fez presente com a participação dos diversos Pontos de Cultura dos Territórios de Identidade da Bahia”
A FlirContas reuniu autores locais, mesas de debate, lançamentos, oficinas e apresentações, reforçando o papel de Rio de Contas como polo cultural da Bahia.

Durante a programação, o público acompanhou também a apresentação do Grupo de Cultura Abassá de Oxalá de Andaraí, que trouxe ao festival expressões tradicionais, manifestações da cultura popular valorizando memória, corpo e ancestralidade — uma das iniciativas de maior impacto dentro da feira.

Projeto segue com escutas e oficinas

Apesar da etapa de Rio de Contas marcar um momento-chave, o Emergência Cultural não se encerra aqui. A Câmara Técnica de Cultura seguirá nas próximas semanas com:
• escutas aprofundadas em cada comunidade participante;
• levantamento de identidade, territorialidade e diversidade cultural local;
• oficinas de uso da Plataforma Rede Cultura Viva Chapada Diamantina, para que as comunidades possam publicar seus conteúdos e fortalecer sua presença digital

Este projeto foi contemplado nos Editais da Política Nacional Aldir Blanc Bahia e teve apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia, por meio da Secretaria de Cultura do Estado via PNAB, direcionada pelo Ministério da Cultura – Governo Federal. A iniciativa também foi contemplada pela Política Nacional Cultura Viva.

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