


Encontro reune grupos culturais e lideranças comunitárias

Encontro na Bocaina, reunindo estudantes, moradores, lideranças e a equipe de apoio
A Comunidade da Bocaina promoveu, neste final de semana, um encontro cultural que reuniu moradores, estudantes, professores, pesquisadores, lideranças femininas e equipes de apoio do território. O evento, marcado por vivências, rodas de conversa e apresentações, reforçou a importância da memória coletiva, da educação territorializada e da resistência comunitária.

Roda de conversa mediada por Emílio Tapioca
Logo no início, os participantes foram acolhidos pelas práticas culturais locais e pela força da história da Bocaina, um território tradicional que carrega memórias quilombolas, vínculos ancestrais e uma profunda relação com a terra.

Momento de articulação comunitária, fortalecendo o diálogo sobre identidade, cultura e defesa do território.
A liderança comunitária Catarina Silva foi uma das vozes centrais do encontro, trazendo reflexões profundas sobre identidade, memória e território. Para ela, viver momentos de celebração cultural é também um gesto de cura e fortalecimento:
“Um momento que se revive a cultura é como o regar de uma planta sedenta. Reaviva alegria, traz vida e emerge lembranças boas da nossa história.”
Ela reforçou como essas ações culturais reafirmam quem a comunidade é:
“Uma ação cultural traz à tona o pertencimento, as memórias e a reafirmação da identidade.”
Ao falar sobre educação, partilha e gerações, destacou a beleza da convivência intergeracional:
“Na apresentação da capoeira, faixas etárias diferentes interagiam no mesmo gingado e respeito, sempre comunicando com o olhar no olhar do parceiro.”
Catarina também comentou a importância do mapeamento territorial realizado durante a atividade:
“Mapear a comunidade é descobrir e mostrar toda a riqueza e beleza nela contida. É conhecer o seu valor histórico. É oportunizar aos comunitários a se tornarem protagonistas e defensores do seu território.”

Atividade de cartografia comunitária, apresentando o território, seus caminhos, histórias e os pontos de resistência e memória da Bocaina.
Entre os jovens presentes, o estudante Gustavo Rodrigues destacou o quanto o encontro ampliou sua visão sobre a cultura local:

Um momento de aprendizado vivo, sensível e territorializado.
“Gostei de aprender sobre a cultura da comunidade. Aprendi sobre a história, sobre as tradições, e me senti bem participando das atividades culturais.”
Ele reforçou que valorizar as tradições fortalece vínculos:
“É muito importante, pois fortalecem os laços comunitários, promovendo união e solidariedade.”

Equipe de apoio reunida com moradores da Bocaina, fortalecendo a construção coletiva do encontro cultural.
A integrante da equipe de apoio, Mônica Andrade, da Colônia (Itaetê), descreveu sua chegada à Bocaina como uma experiência reveladora:
“A chegada à Bocaina foi envolta de encanto, pelo mistério dessa mulher… Mistério e lampejo de luta e doçura que vi em seus olhos acolhedores, e em suas mãos que parecem estar o tempo todo em modo trabalho, como as mulheres da terra.”
Ela também refletiu sobre os desafios territoriais, ao observar a serra marcada pela ação humana:
“A vista da comunidade já me trouxe a imagem dessa ameaça que ruge no topo da Serra, cortada, ferida, parecendo ora pedir socorro, ora anunciar uma despedida.”

Vista da serra que cerca a comunidade, marcada pelos impactos da mineração
Para Mônica, o encontro reafirmou a importância da união:
“O encontro com lideranças femininas tão marcantes, com professores e com jovens da comunidade me ajudou a entender que é possível fazer um trabalho coletivo, embora com os desafios que já conhecemos.”

Colégio de Tempo Integral Estatual Horácio de Matos na valorização da cultura local.
A professora Revati Matos ressaltou como a educação ganha potência quando se conecta com o território e com a cultura:
“A educação integrada à cultura fortalece o pertencimento e a identidade. Quando a escola dialoga com as tradições locais e os saberes tradicionais, a aprendizagem passa a fazer parte da vida real dos alunos.”
Ela destacou o impacto formativo dessas vivências:
“Atividades assim desenvolvem empatia, valorização da memória coletiva e protagonismo. Tornam o aprendizado mais significativo.”
Sobre a participação dos alunos, explicou:
“Eles participaram das rodas de conversa e da apresentação de carimbó. Foi uma oportunidade de vivenciar algo novo e perceber a força da cultura como ferramenta de união comunitária.”
Para ela, o principal ensinamento do encontro é:
“Reconhecer a cultura como elemento vivo e formador de identidade.”
Revati também enfatizou que a escola desenvolve diversos projetos voltados à valorização da cultura local, como EPA, Consciência Negra, Semana do Meio Ambiente, Feira de Ciências, agropecuária, feiras culturais e registro de memórias.
O encontro na Bocaina mostrou que cultura, território e educação caminham juntos. Entre vivências, falas, memórias e partilhas, a comunidade reafirmou que preservar o passado é um ato de resistência, e também uma forma de projetar o futuro.
A atividade integra o projeto Emergência Cultural – 3º ForTe Cultura – A cultura como força de articulação territorial na Chapada Diamantina, fortalecendo identidades, memórias e territórios culturais!
📍 Bocaina – Piatã
📅 14 de novembro
📢 Projeto contemplado pelos editais da Política Nacional Aldir Blanc Bahia, com apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia, por meio da Secretaria de Cultura via PNAB, direcionada pelo Ministério da Cultura – Governo Federal. A iniciativa também integra a Política Nacional Cultura Viva.
Fontes: https://cultura.chapada.ba/
Registros fotográficos Kátia Borges e Lucas Assunção (Assessoria de Comunicação)
