Chapada Diamantina celebra tradição e riqueza imaterial com a produção do filme “Ibejis”

“Ibejis” acaba de ser gravado no povoado da Lagoa Seca, em Iraquara, entre os dias 1º e 5 de setembro. 

Entre os dias 1º e 5 de setembro, a cidade de Iraquara foi cenário das gravações do filme “Ibejis”. No povoado da Lagoa Seca, enquanto uma equipe de aproximadamente 20 pessoas transitava com equipamentos de filmagem, drones, aparelhos de sonorização, a diretora Kallyane Nery incorporava e expandia o empenho em fazer da arte cinematográfica uma forma de preservar a rica tradição cultural da Chapada Diamantina.

Com temática que gira em torno da tradição da partilha e oferta de comida e afeto no período dos festejos de Cosme e Damião, o filme de ficção conta a história de uma matriarca, Dona Menina, que é responsável por centralizar e reproduzir a tradição do caruru, ano após ano.

“Ibejis” é um curta-metragem que, além de celebrar a cultura por meio do tradicional caruru de Cosme e Damião, trata de forma sutil sobre a necessidade de preservação e continuidade da riqueza imaterial do território da Chapada Diamantina, partindo das tradições intrínsecas à região em que o filme se ambienta.

De acordo com a diretora, o filme foi pensado para a Chapada. “A narrativa trata sobre essa renovação da cultura; de mostrar, perpetuar nossa história, tradição e memória na forma de audiovisual”, explicou.

Em paralelo, o curta traz uma proposta de valorização da própria comunidade que, além de participar ativamente da produção do filme, também integra o elenco, formado totalmente por moradores da região, desde a personagem principal, encenada por uma personalidade de destaque na comunidade e avó da diretora, D. Laurita, até as crianças que participam do filme. Para que isso fosse possível, o elenco participou de um processo intenso de preparação. 

A intenção de enaltecer a produção chapadeira está em cada detalhe, incluindo a equipe de produção, direção, filmagem e arte, inteiramente formada por pessoas nativas, residentes ou atuantes no território. A diretora enfatiza que é um “filme feito das pessoas da Chapada Diamantina para as pessoas da Chapada Diamantina” e defende a produção como um espaço de protagonismo tanto de quem é retratado no filme como de quem o produz.

“Não tem como ter outra perspectiva além da de quem mora aqui, que vive essa tradição, que sente tudo que a Chapada Diamantina proporciona”, completa.

O projeto do filme foi contemplado nos editais da Lei Paulo Gustavo Bahia, por meio da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, sendo o único roteiro de ficção selecionado pelos recursos da lei de incentivo na Chapada. 

Sobre a diretora

Multiartista, Kallyane Nery tem 21 anos e trabalha com audiovisual há três. Nutre amor pela arte desde tenra idade, mas iniciou a trajetória artística na pandemia como forma de trazer mais leveza para o momento de isolamento social.

Com sua constante evolução e o ingresso na faculdade de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Kallyane pôde experimentar o olhar para a cultura, imagens e, com isso, desenvolver ainda mais a verve artística, cada vez mais inclinada para o audiovisual. 

Em 2023, resolve regressar para a sua cidade natal, pensando em construir um trabalho no território em que mais se identifica, a Chapada Diamantina. Nessa importante passagem da sua trajetória, escreve o roteiro de Ibejis que, nesse mesmo ano, foi contemplado na lei de incentivo à cultura Lei Paulo Gustavo Bahia, o que possibilitou concretizar a realização do filme.

Esse é o segundo filme da carreira de Kallyane, que também escreveu o curta “Loci Loci”, durante o período em que esteve em Cachoeira.

Ananda Azevedo / Fotos: Mamirawá

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